BlogEDUCAÇÃOÚLTIMAS NOTÍCIAS

85% de aprovação em Cálculo? A UnB tem a resposta (e é lúdica!)

Técnicas e métodos aumentam aprovação e interação de estudantes do campus Gama da instituição de ensino

Cálculo 1, disciplina obrigatória e temida por muitos, é fundamental para quem busca carreira em engenharia e áreas afins. Mas e se o aprendizado pudesse ser lúdico e colaborativo, fugindo do formato tradicional de aulas expositivas, provas e carteiras?

Ricardo Fragelli, docente na Faculdade UnB Gama, da Universidade de Brasília (UnB), apostou em três projetos universitários que promovem a integração entre os estudantes: Rei da Derivada (RDD), Summaê e Trezentos. Vamos conhecê-los!

Um dos projetos que se destaca é o Rei da Derivada, que acontece anualmente desde 2007. No jogo de aprendizagem, alunos vão ao quadro em um auditório e resolvem questões elaboradas pelo professor como num torneio dinâmico.

Foto: Dani Lima/Secom UnB

O estudante do curso de Engenharia Automotiva, Pedro Henrique Aires, participou pela primeira vez da atividade em 2014. “Esses eventos motivam os alunos a se manterem no curso e são mais que essenciais. São mais importantes ainda porque acontecem nos primeiros semestres, que é muito teórico e contêm pouquíssimas oportunidades de prática”, explica.

No jogo, são propostas derivadas de funções usuais da disciplina primária de Cálculo (C1), com exceção das funções hiperbólicas. A primeira parte é composta por grupos, depois se afunila para duplas, e só pontua quem resolver as questões em menor tempo. Na segunda parte, os mais bem classificados disputam entre si, e quatro vão para a final, onde são conhecidos o 1º e o 2º colocados, que recebem os títulos de rei ou rainha. Há, ainda, a escolha do mago ou feiticeira da Derivada, respectivamente.

Foto: Pexels.

No Summaê, ocorrem aulas de exercícios bem diferenciadas, no estilo show de auditório, em que as perguntas são feitas por meio de vídeos criativos e que, em muitos deles, há celebridades, tais como Marcos Pontes, Rafinha Bastos, Alexandre Pato, dentre outros.

Para o organizador, Ricardo Fragelli, houve desde o primeiro momento um clima de cooperação que envolveu também os professores, estudantes veteranos, funcionários e pessoas da comunidade para o sucesso das atividades. “Frequentemente recebemos visitas de colegas de outras instituições de Ensino Superior do Distrito Federal e também de outros estados, como Espírito Santo, Santa Catarina, Goiás, entre outros, para conhecer os projetos”, declara.

Ações como estas impressionam pelos resultados positivos, como nas notas dos estudantes, no menor índice de evasão escolar e na integração promovida. Isso pode ser observado no recente projeto denominado Trezentos, que consiste na possibilidade de os alunos que não se saíram bem em alguma avaliação terem a oportunidade de refazê-la, desde que cumpram algumas atividades de estudo em grupos liderados por alunos que possuem melhor conhecimento do conteúdo.

“O projeto sustentou o restante de transformação necessária para uma aprovação que, no último semestre, foi de 85%. A ideia foi criar um ambiente de colaboração em que um estudante se preocupasse mais com o colega. O resultado? Foi uma turma com muita cumplicidade e engajamento”, exalta o docente Fragelli.

Ainda segundo o especialista, o objetivo foi tornar a aprendizagem mais atraente e significativa para o estudante. Além disso, a iniciativa visa lutar contra um quadro de desnivelamento, desinteresse e isolamento que geralmente acontece nos anos iniciais dos cursos de Engenharia e de Exatas. “Esse contexto é altamente prejudicial e leva a um alto índice de reprovação, que geralmente é da ordem de 50% em matérias de Cálculo”, resume.

Além do reconhecimento interno, o docente já recebeu oito prêmios nacionais sobre o uso de Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) na educação superior e inovações no Ensino de Ciências. E, em 2011, recebeu, por meio do departamento de Administração da UnB com apoio da CAPES, o primeiro lugar no “Concurso de Experiências Inovadoras sobre Tecnologias de Informação e Comunicação no Ensino Superior”.


Lanna Sant’Anna
Jornalista especialista em gestão pública.
Autora do livro-reportagem Muito Além d’Uma Favela. Ainda, atuou na Universidade de Brasília, Confederação Nacional das Indústria e Empresa Brasil de Comunicação e em outras empresas públicas e privadas.

Compartilhe